segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

       OS QUE CHEGARAM ANTES DE SÓCRATES,
        OU OS IRMÃOS DO MAIS ALTO SEGREDO


          É verdade. Antes de Sócrates já havia comentadores político-sociais impolutos, isentos e imparciais nos seus juízos que passavam férias de luxo em mansões de banqueiros no Brasil.

                                                                                             

          Mas também antes ainda de Sócrates apareceram no firmamento filosófico os mestres do mais alto segredo (sim, sim, lojas, aventais, e altos segredos -  de justiça, também, quero crer), os grandes iniciados na gnose antiquíssima, firmes esses, parece-me a mim, na convicção de que o mais alto conhecimento exige o mais alto segredo (lá está, lojas, aventais,); o mais alto conhecimento não pode estar acessível ao vulgo (pois claro que não, colheres de pedreiro, esquadros e compassos), aos simples, porque nunca se sabe o que, na sua ignorância e boçalidade, o vulgo pode obrar de maléfico quando de posse de um conhecimento reservado e correlativos poderes – aliás tem-se percebido isso ao longo dos tempos, dos últimos tempos, das últimas figuras mandantes, antes e depois de Sócrates.


O mais imponente desses mestres do mais alto segredo foi sem dúvida Pitágoras.

                                                                                                      

Temos o caso da seita religiosa dos judeus do tempo de Cristo, os essénios. É o historiador judeu Flávio Josefo que admite que os essénios levavam uma vida e praticavam um pensamento próximos dos do núcleo de iniciados que seguia Pitágoras. Embora outros mantenham que as analogias tinham como referencial idênticas fontes da sabedoria dos persas.
Tudo é número – proclama Pitágoras, ainda antes dos negócios de Sócrates.


Mas Pitágoras, que nasceu uns redondos 500 anos antes de Cristo começou a sua carreira indo de terra em terra para ouvir certos pregadores famosos. Ouviu Anaximandro em Mileto, por exemplo, e aí conheceu Tales. E de tal sorte impressionou Tales que levou este a dizer que o jovem Pitágoras possuía um génio ainda superior ao seu – o que, entre intelectuais, não é muito comum.
O próprio Pitágoras começa a pregar, atraindo seguidores, com os quais organiza uma comunidade de homens, mulheres e crianças. Uma comunidade que o era também de bens, onde o que era de um era de todos e em que os principais valores a cultivar eram a concórdia… e o segredo, o mais alto segredo. 

                                                                           

Imediatamente em volta de Pitágoras se tecem as lendas. Dizem-no filho nem menos que de Apolo. Atribuem-lhe milagres. Falam-lhe do dom da ubiquidade, ou da capacidade de deslocamento físico imediato. Admitem-lhe o poder de evocar existências muito anteriores à sua.
E também, e mais emocionante ainda do que as trapalhadas e as ideias de Sócrates, foi ter eu lido nalgum lado que Pitágoras era nem mais nem menos do que aquele que judaica e biblicamente ficou conhecido pelo nome de Moisés.


Pitágoras era um aristocrata, um elitista. E como hiper-dotado era um homem enigmático. E também intervinha na política da polis. Quer dizer, como Sócrates, e muito antes dele, tinha todas as condições para atrair tanto discípulos ferrenhos e fiéis como as antipatias do povo. E de tal ordem eram os seus inimigos que quando os governos aristocráticos que os pitagóricos apoiavam foram postos em causa por um movimento democrático, rebentou uma revolta na cidade e os seguidores de Pitágoras foram massacrados.
Não é certo o que terá acontecido depois a Pitágoras. Terá sido queimado. Terá fugido para o Metaponto e aí morrido.
Mais tarde, a comunidade pitagórica vem a restabelecer-se em Crotona, obrigada embora a modificar os seus estatutos e práticas.


Conta a lenda que um dos iniciados, agente secreto de Siracusa, traiu a memória do mestre e vendeu três livros contendo os ensinamentos secretos. E conta também a lenda que Platão, em vilegiatura pela Sicília nas férias grandes, terá adquirido esses livros com a doutrina esotérica de Pitágoras, servindo–se deles na sua própria obra.
Mas julgam que qualquer um assinava uma proposta e era admitido assim de pé para a mão na comunidade pitagórica? Engano. A doutrina pitagórica era uma doutrina total e abarcava, ou pretendia, todos os ramos do conhecimento e todas as manifestações da actividade humana, que será o mesmo que dizer que os pitagóricos não constituíam só uma escola de pensar, mas também grupo de acção, um partido político, sim, no tempo velho muito antes de Sócrates em que nos partidos políticos ainda se pensava para agir – e eu diria mais da escola pitagórica, ou seja, diria o óbvio, que ela era um primeiro esboço de organização maçónica, sendo que, como tal, ainda, o recrutamento dos membros obedecia a regras estrictas.

                                               


Nas provas de selecção para as escolas pitagóricas tinha-se em conta o aspecto do candidato – não sei se preferiam os altos, os louros, ou os baixotes e morenos. Atentava-se no modo de andar do candidato – o que por sinal eu também acho um dado importante no imediato (e superficial, claro) conhecimento de uma pessoa; assim como também já eu tinha reparado que o andar de um fulano do PC não se parece nada com o andar de um PS, e muito menos a maneira de andar de um militante do PSD tem alguma semelhança com a maneira de andar de um elegante, culto, bon vivant, bem falante e aristocrático militante do Bloco de Esquerda. É uma coisa que se vê mesmo à vista desarmada.
Obediência. Culto do “ele disse” – ele, Pitágoras, está visto. Orações. Jejuns. A iniciação pitagórica durava entre dois e cinco anos e era fundamental, porque a iniciação não era – não é - outra coisa do que uma peregrinação interior, ou uma preparação interior para receber o conhecimento, e sendo ele mesmo, Pitágoras, um alto iniciado no Egipto e na tradição da Atlântida.
        Uff!


Havia provas de silêncio – como escutar as lições do mestre e não pedir esclarecimentos. Aliás, os candidatos não viam o mestre, sempre encoberto por uma cortina. E quando passavam as provas do silêncio os candidatos subiam ao grau de matemáticos. Tinham a partir daí o dever de ensinar.


Proibido comer animais – pois não, não andavam a comer as mulheres uns dos outros. Proibidos os sacrifícios religiosos. Proibido comer favas – esta para mim é a mais intrigante das proibições, uma coisa tão boa, guisadinhas, com enchidos e entrecosto…

                                                                           

Tudo é número. Era a divisa da seita. Compreender é medir.


Terá sido Pitágoras, vindo ao mundo tanto tempo antes de Sócrates, o grande sacerdote da quantidade que tanto inflama o mundo de Sócrates – quantidade de suspeições, quantidade de votos, quantidade de euros?
Isso mesmo, resta saber de que Sócrates se fala, bem entendido…
Mas a concepção pitagórica do número podia ser diferente da concepção de Sócrates, seja esse Sócrates qual for, ou da concepção hoje reinante dos números no mundo formatado pelos Sócrates.
O número é uma colecção de unidades. 3 resulta de 1+1+1. Um número que nasce da repetição da unidade. É o que consideramos nós, hoje. Para Pitágoras, o número é o resultado da divisão da própria unidade. O Uno desdobra-se e o Um produz Dois – interpretou Aristóteles. Não há plural de uma unidade. O Uno é o número dos números; a mónada é o número das coisas numeradas.  
Para os pitagóricos o número é uma figura. O 3 é um triângulo. O 4 um quadrado. O 5 um pentágono. A soma dos números ímpares igual à sucessão dos números quadrados. De qualquer modo, é o Uno que encerra todos os números e se eleva acima dos contrários.


Os números são o Ser, o formal, o material, o causal.
Os números são os princípios que há em todos os seres da natureza, capazes de movimento, substância, matéria, princípio.
Os números são anteriores a todos os seres da natureza, transcendentes e imanentes em simultâneo.
Os números são coisas, porque as coisas são números.
                                               
                                                

Uma das razões porque me deu na cabeça escrever estas discursatas, além de falar dos que vieram antes de Sócrates, reside na beleza, direi mesmo na estética destes pensamentos. Há, a meu ver, uma beleza verbal, uma sonoridade musical em cada asserção, um esplendor objectivo e uma grandiosidade subjectiva que me traz a luz dos ciprestes, o odor das laranjeiras e das oliveiras do Mediterrâneo e do Egeu.
Falando de Pitágoras, é, já se sabe, obrigatório falar de música.

A harmonia é a proporção, a proporção que une, princípio conciliador dos princípios contrários que constituem um ser. A harmonia reconcilia os elementos em discórdia. A harmonia é o princípio fundador da música, no seu papel agregador de consonância e dissonância. Para Pitágoras a música era a aritmética oculta na relação entre número e proporção.

                                                             

Há uma harmonia sensível. Quem no-lo comunica são os instrumentos. Os pitagóricos estudaram as relações entre comprimento e espessura da corda de um instrumento e sequentemente a tensão a que o girar da cavilha sujeita a corda e o som daí resultante.


É Pitágoras quem estabelece o valor numérico dos intervalos musicais.

                                                                                              

E depois há a célebre experiência dos vasos percutidos, os sons e os volumes do som. Tomaram-se alguns vasos com a mesma capacidade. Um é deixado vazio e outro meio cheio (ou meio vazio). Percute-se cada um deles e tem-se a oitava, a consonância da oitava. E daqui derivou a construção dos instrumentos, cordas e sopros, e também a construção dos teatros e respectivas características acústicas. E mais se convenceram então os pitagóricos de ser a harmonia musical a presidir à concepção do mundo.


Os astros. As sete esferas determinam os sete sons da lira e os intervalos que os separam dois a dois, daí se seguindo uma harmonia – uma oitava. O mundo é uma lira de sete cordas. A escala musical é uma questão cósmica. A astronomia é a teoria da música celeste.
(Onde é que Sócrates se lembraria disto se não tivessem vindo os que vieram antes dele?)


Arquitectura. Sobre a noção de intervalo harmónico reina o número, origem de todas as coisas. E esse intervalo harmónico é verificável no cerne da ideia de uma arquitectura sagrada. O templo grego seria então uma peça de música petrificada. Estudando os intervalos entre as colunas do Parténon descobriram-se os números rigorosos e proporcionais de uma escala pitagórica.


Harmonias arquitectónicas presentes na construção dos poliedros e no desenho das figuras esotéricas, hexágono, rosácea, pentagrama. Uma herança pitagórica recolhida pelos primeiros maçons, quer dizer, os construtores das grandes catedrais medievas.
                                                              
                                         


É de Pitágoras que vêm os grandes símbolos maçónicos. O pitagorismo continuava o orfismo, os mistérios do culto de Apolo hiperbóreo, uma das tradições mais arcaicas da Humanidade.


É no número, é pelo número, que a harmonia e a proporção se transformam em corpo, em corpos. Intervalos temporais na música; intervalos espaciais na arquitectura; extensão e duração e o encontro delas no conceito de ritmo. 
Aritmética e música são as chaves do entendimento do mundo.


E depois a relação com a vida e com os homens. A música é labirinto de simpatias que produzem a consonância e transcendem os intervalos, que é o que separa os indivíduos uns dos outros, dando-lhes a faculdade de ressoar entre si, símbolos de notas da escala relativamente ao que os cerca.                                                                 
                                              

Números, quantidade e qualidade. Os números de Pitágoras continham uma carga espiritual – não sei se se passa o mesmo com os números de Sócrates. Os números de Pitágoras não eram meras quantificações – não sei se é assim com os números de Sócrates. Por exemplo, os números pares eram femininos e os ímpares masculinos. E os pitagóricos explicam: dividindo pares e ímpares em unidades, o par apresentará no meio um espaço vazio, quando o ímpar o tem sempre ocupado por uma das suas partes. Pode parecer pornográfico, mas é assim mesmo…
O 3 é perfeito. Tem princípio, meio e fim. E é ele o primeiro a tê-los. O 3 é linha e é superfície. É triangular, equilateral. É a potência do sólido, quando toda a ideia de sólido se apresenta em três dimensões.
O 5 também tem a sua piada. É de todos os primeiro que resulta da soma do primeiro número feminino e do primeiro masculino. E 6 é produto do primeiro masculino e do primeiro feminino. E o 7… bem, o 7…


O 7 não engendra nenhum dos números da década nem é engendrado por nenhum deles. Chamavam-lhe Minerva, deusa que não foi engendrada nem foi mãe; não foi resultante de união e, esperta, nunca se uniu a ninguém. Multiplicado por outro, o 7 não engendra nenhum dos números da década. Mas também não resulta da multiplicação de nenhum outro.


Tião de Smirna (não me vão dizer que nunca ouviram falar dele), fonte de conhecimento pitagórico, diria que é em 7 semanas que o feto atinge a perfeição e é no mês 7 que se torna viável. É aos 7 anos que as crianças ficam sem os dentes de leite e a puberdade acontece na segunda série de 7 anos, nascendo a barba na terceira série de 7 anos. An? 7 meses decorrem de um equinócio a outro. 7 orifícios tem a nossa cabeça. 7 vísceras tem o nosso corpo.
Chega.

                                                                          

Tetraktys. A década. A década que possui poderes. Sobre ela assentava o juramento dos neófitos do pitagorismo. A ela eram elevadas orações. Número divino gerador de deuses e homens. Contentor da raiz e dos fluxos criativos. Chave de todas as coisas. A década detém em si a natureza do par e do ímpar, do que se move e do que nunca muda, do Bem e do Mal. Encerra em si uma quantidade igual de números primos e de números compostos. 10 é igual a 1 mais 2 mais 3 mais 4.
4 vezes 2 engendra 8 e é engendrado por 2; 6 é resultado de 2 vezes 3 e não engendra nenhum número da década. Outros há que engendram, mas não são engendrados, o 3, o 5 – o 3 dá 9 e multiplicado por 2 dá 6, e o 5 multiplicado por 2 dá 10.
Nicómano de Gerasa (não me vão dizer que não se lembram dele) deixou dito que na década preexistia o natural equilíbrio entre conjunto e elementos. Por isso o deus, que por meio da razão tudo dispõe com sabedoria, se serviu da década como de um canon para o Todo e todas as coisas do céu à terra se relacionam na concordância dos conjuntos e das partes na década baseados e pela década ordenados.

                  


Pitágoras era um gajo do caraças – o mais nobre, elevando e poético que se pode chamar a um homem desta envergadura.
Pitágoras era menino para se recordar de vidas passadas, não sei se já o disse. Tinha (teria) portanto o dom da reminiscência. E lá dizia ele, se calhar com razão, que a alma era um ser demoníaco que tinha sido aprisionado dentro do corpo. Noutro tempo vivera ao pé dos deuses, a alma, mas acabou presa no corpo. Quando a morte do corpo acontece, a alma separa-se dele e vai uma temporada para o Hades a purificar-se. E depois regressará à terra e habitará um novo corpo. Isto mete-me um bocado de medo, que querem…


Mas o que vale é que há remissão para a alma. É durante as diversas transmigrações que as almas expiam as malfeitorias cometidas. E quando se acham dignas de ser libertadas do ciclo desgraçado das existências alcançarão a vida imortal.
Eu por acaso já há tempos que ando a tratar disso para mim, mas ainda me falta tempo, ainda não descontei o suficiente… e tenho uma coisa contra: gosto de bifes. Pois é. Enquanto comer carne estou feito (estou feito ao bife, não é?), não tenho hipótese.
Carne não. E porquê? Então não se está mesmo a ver porquê? Porque posso estar a devorar o corpo de alguém reincarnado num animal, o que pode dar uns gazes levados do diabo. E como ultimamente tenho tido uns enfartamentos e tenho andado com más digestões, só pode ser disso. Sabe-se lá quem é que eu tenho andado a comer… e sei lá quem é que qualquer dia ainda me há-de comer a mim… mal passado...


Tudo é número, meus amigos, essa é que é essa, por mais que nos doa. Tudo é número. O pós-socrático e diviníssimo Platão lá dizia que se roubássemos o número à raça humana nem chegaríamos a conhecimento algum.
E a propósito de números, também Platão lá pensava na dele que as indispensáveis matemáticas eram apenas um primeiro passo para o que realmente ao Homem importa aprender. Mas mesmo assim, e para aceder à escola platónica, se assim lhe pudermos chamar, a condição era ser um geómetra.
                                                                           
A sabedoria das quantidades não é certo que nos acrescente alguma sabedoria sobre a justa medida, precisamente a que repele de si tanto o excesso quanto o defeito. Insistimos na medida e não discernimos a medida do Bem e andamos perdidos na desmedida.
Há uma disciplina a que chamam de concepção residual de quantidade e que é a estatística. Pode-se dizer que vivemos uma moral de estatística. Claro que num tempo de Sócrates nem poderia ser de outra forma, temos de viver em pleno no reino do número, na civilização do quantitativo, do massificado, somos mestres da natureza, fomos libertados pela tecnologia. Mas libertados para quê? Exercemos o nosso domínio sobre a natureza exactamente para quê? Haverá em nós discernimento entre o que se faz e o que se devia fazer? Não estaremos já nestes tempos pós-socráticos e troikentos e salgadíssimos e espírito-santescos a confundir a quantidade com a qualidade. Ou pior ainda, a substituir uma por outra?


Podemos até neste arrazoado não sair do domínio da cultura, porque no próprio domínio da coisa cultural aconteceram as transformações morais da qualidade para a quantidade. Uma obra-prima da literatura não é, garantidamente, qualitativamente, um livro bem imaginado e bem esgalhado. É apenas um indício quantitativo. É apenas um livro que vendeu milhares ou milhões de exemplares. O grande pintor de hoje (e talvez não só de hoje) não é o mais interessante ou o mais estimulante para a alma, é o que vende bem. Músico bom é aquele cujo disco vendeu mais de um milhão de cópias. E o grande filme é o que obteve as mais chorudas receitas de bilheteira. E para que essas quantidades se consigam, a via não é a do incremento da qualidade do produto mas sim a quantidade investida na promoção desse produto, o que confunde os espíritos e nos baralha por completo a noção de qualidade de vida.
Pitágoras, um dos que apareceram antes de Sócrates, incitava os seus discípulos ao exercício da auto-análise, e todas as noites eles se perguntavam “que falta cometi?”, “que bem pratiquei?”, “que dever esqueci?”. Não sei se os de Sócrates ou os de depois de Sócrates – ou o próprio Sócrates - têm, tiveram ou terão este hábito…

                                                                                   

Ovídio fala de Pitágoras nos seguintes termos: o seu pensamento elevava-se às alturas, aos deuses do céu, e a sua imaginação contemplava visões além da vista mortal. Todas as coisas estudava com mente atenta e ávida, e levou para casa o que tinha aprendido, e sentou-se entre os homens ensinando-lhes o que era digno, e eles escutaram-no em silêncio.
A celebridade de Pitágoras propagou-se pelos séculos. Chamaram-lhe o Homem Universal e a influência dele alastrou na matemática, na cosmografia, na música, e antes de mais na conduta, no desejável ascetismo, na purificação. Está-se mesmo a ver que só podia ter aparecido antes de Sócrates…


Devia ser uma personalidade magnética o diacho do homem, e a realidade da maçonaria pitagórica, cheia de rigorosos mandamentos e intimidantes tabús, era uma fraternidade religiosa que intervinha sobre a política do sul da península itálica, e apenas porque Pitágoras ambicionara o domínio da cidade. O domínio da cidade, sim, mas atenção, através da filosofia.
Morre, ao que se disse, após quarenta dias de jejum – os quarenta dias do deserto.

                          

Uma pena não lhe terem tirado uma fotografia de jeito para eu pôr aqui…


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