quinta-feira, 21 de março de 2013








A MORAL DE BAYREUTH – A RELIGIÃO

       Um ideal que sobrevive e vence a prova da realidade à custa de tantos precalços pode tornar-se uma religião.


       Pode ser uma questão de tempo. E o tempo, como se sabe, não tem moral.
     E é assim que três anos depois da ascensão de Hitler ao poder de chanceler do Reich, Carl Gustav Jung, o psicanalista, jornadeava pelos subterrâneos da mentalidade alemã: sempre estivemos convencidos de que o mundo moderno era um mundo racional, fundado em pressupostos económicos e políticos, mas neste momento, ano da Graça de 1936, é bom que o esqueçamos. Wotan é novamente uma hipótese no nosso quotidiano, já que mais pelas fantásticas profundezas do carácter de Wotan do que pelos quadros da razão poderemos explicar este nacional-socialismo.
A 23 de Julho de 1933, ano da subida de Hitler ao poder, o Festival de Bayreuth culmina com uma produção da mais absolutamente espiritual das óperas de Wagner. O Parsifal. Desmaiado o último acorde, Hitler tem diante de si os microfones de todas as estações de rádio alemãs. E profere um discurso. E anuncia os seus planos para a criação de uma igreja unificada do Reich.
E a 21 de Setembro, depois de realizado um sínodo, tal igreja é oficialmente instituída. O primeiro bispo do Reich, Ludwig Miller, um proeminente nazi.
Pouco tempo depois, um jornal protestante e liberal, comenta o acontecimento em tom satírico: cantando o hino que inicia o serviço religioso, o pastor teria subido ao púlpito e convidado os não-arianos a abandonar o templo sem que ninguém se mexesse. O pastor terá então repetido “convidam-se todos os presentes não-arianos a abandonar imediatamente esta igreja.” E todos continuaram imóveis. E o pastor terá insistido, “todos os não-arianos, por favor, queiram retirar-se”. E então, ó maravilha, Cristo ter-se-á desprendido da cruz, terá descido do altar, caminhado pela nave e abandonado a igreja.

Seja dito muito de passagem que o problema religioso da Alemanha no séc. XIX foi complexo e alguns chamaram-lhe Kulturkampf. Luta cultural. Os prussianos perseguiram com algum afinco a igreja católica, sobretudo Bismarck, que defendia a separação entre Igreja e Estado, como acontecia com os cultos protestantes. Foram dez anos de luta cultural, entre 1870 e 1880, enquanto um outro culto, e uma outra igreja pregavam outros evangelhos. A religião alemã, pode dizer-se, nascera na Baviera com o rei Ludwig, e era designada em termos mais gerais, e mais politicamente correctos,  por Kultur.
Na Alemanha do norte Bismarck organizava a guerra, e do mesmo passo Ludwig, rei da Baviera (a que muitos chamavam louco), protegia acirradamente as artes. No cumprimento do ideal goetheano de uma nação que vive pelo espírito e pela cultura. A Prússia construía fábricas, desenvolvia a indústria do armamento, temperava o aço guerreiro. Na Baviera instaurava-se a magia como projecto de Estado, construíam-se castelos de conto de fadas, revelavam-se grutas místicas, erguia-se um templo sagrado da arte e da alta cultura, Bayreuth.

                                           


                                                                            

                                                                   
                                                                                          
                       

 

Bem no fundo, Ludwig, mais do que os eventos e obras culturais, patrocinava um espírito que redundaria em religião oficiosa do Estado bávaro, quando as óperas de Wagner,cantadas no ponto de energia mística que era a colina de Bayreuth, derivavam para uma qualidade de ritual, ou de liturgia, ou de festival sacro, ressoando na austeridade a bem dizer claustral do recinto sob condicionalismos severos e muitas reservas postas ao aplauso, que seria a finalidade simples do simples espectáculo profano. Pois sim, mas Bayreuth não era uma banal casa de espectáculos. Bayreuth queria-se um santuário, uma meca, um destino de peregrinação, o lugar magnético onde tempo e espaço se transfiguravam numa e a mesma coisa - nas palavras da personagem Gurnemanz, de Parsifal.


Ser wagneriano era ser adepto de uma seita; se wagneriano era ser iniciado nos mistérios da vida e da morte subjacentes à música e à palavra poética; ser wagneriano era ser religioso ao mais alto grau de devoção, espiritualidade e proselitismo; era ser um certo e apócrifo tipo de cristão
     
                                    

A cultura é um credo. Wagner é o profeta da religião alemã e também um dos seus deuses. Wagner recebia no templo de Bayreuth os apóstolos de uma fé. A arte wagneriana era o ápice da supremacia espiritual germânica, arte esotérica, ocultismo, sectarismo, heresia pagã envolta num entendimento muito sui generis da mensagem cristã. Uma moral em si mesma, sim.   
Mas o que viria a ser, por estes tempos, a verdadeira Alemanha? Seria o progresso material e a industrialização prussianas, uma cultura de caminhos de ferro, de artilharia, e aço e de fogo, e do sangue vertido pelos seus inimigos? Seria o transporte espiritual, a intelectualização, a comunhão herética, a celebração estético-religiosa do sobrenatural humanizado, a iniciação, o ideal em vias de concretização que se apercebia na Baviera?
Impossível sabê-lo. Houve quem dissesse que a morte misteriosa do translúcido rei Ludwig fora obra dos agentes secretos prussianos às ordens de Bismarck.
Quem poderá acreditar que o rei Ludwig patrocinasse conscientemente a música de Wagner tendo a percepção final de todos os aproveitamentos espirituais, políticos e sociais que dela pudessem vir a se feitos? Patrocinando Wagner, estaria o rei Ludwig consciente de ajuda a criar uma ideologia política, ou mesmo uma forma ritual e pagã a desembocar a breve trecho numa religião?
Se calhar nem Ludwig nem o próprio Wagner alguma vez sonharam com semelhante coisa. Sobretudo se pensarmos na extensão turbulenta dos aproveitamentos político-ideológicos que lhes foram póstumos.


E não tinha também Nietzsche repudiado os políticos e as políticas e não fora ele também arrebanhado na voragem do pensamento nazi a propósito do seu Übermensch?

                                                      
    
                                

O certo é que estes titãs mexeram nas profundezas da consciência do seu tempo, assombraram-se com todos os videntes, frequentaram todas as profetizas, todos os nibelheims, todos os walhallas da memória, e puseram frontalmente ao seu tempo todas as questões mais altamente morais, elevando-se aos patamares insólitos, aos cumes do religioso, interpretando tempo e espaço, seccionando-os, sobrepondo-os, reconstituindo a arquitectura mental e moral de um povo, instigando-o do ideal para a realização concreta, do espírito para a matéria, do limbo para a vida. E com todas as consequências que se conhecem.

     
                                                             

Após a premiére de 1876, demoraria seis anos a reabertura do Festival de Bayreuth. Viria a acontecer em 1882. O que significa que Wagner, morto em Fevereiro de 1883, apenas por duas vezes na vida conseguiria presenciar a transmutação do seu ideal em realidade visível, concreta, artística. Em 1882 aconteceria o lançamento de Parsifal.


                                              

Martin Plüdermann, amigo chegado de Wagner, escreveu um belo dia uma carta a um nacionalista anti-semita dando conta dos seus receios de que a natureza pessoal da viúva do mestre, e sua continuadora, Cosima, começava a manifestar-se – e pior ainda, de influência predominantemente francesa – ao anunciar sem margem para dúvidas, segundo os fundamentalistas da religião wagneriana, o abastardamento da pureza e da doutrina primeiras do projecto, enquanto templo dos mais sagrados valores alemães. Essa carta era datada de 25 de Fevereiro de 1896.

No dia da morte de Wagner, em Veneza (13 de Fevereiro de 1883), Cosima colocava um ponto final nos seus diários íntimos e lançava-se na gestão da herança espiritual do marido, na orientação do festival, e com um propósito nítido de perpetuação.  Não, em todo o caso, em modos que satisfizessem o conservadorismo dos velhos fiéis, que logo quiseram usar contra ela as sociedades Richard Wagner e os círculos de Bayreuth entretanto constituídos.


                   
                                                                           
                                                                                                                           
Cosima acaba por se retirar da direcção do festival em 1906, embora a sua presença junto do filho, Siegfried, fosse constante, e por muito que este pretendesse que actuava fora do conselho da matriarca.
E até ao eclodir da Primeira Guerra as tradições, os maneirismos, aquilo que se poderia chamar de uma interpretação fiel, ou literal, dos desejos do grande homem, permaneceriam sem margem para inovações-
Só no festival de 1924, Siegfried Wagner se permitiria, e com todas as cautelas, arriscar alguma inovação: cenários tridimensionais e modernização do sistema de luzes. Mas sem se arriscar a crispações e contestação vindas dos lados da velha guarda.


Entretanto, fora de Bayreuth, Adolphe Appia, por exemplo, experimenta alguma coisa de novo no universo cenográfico wagneriano: Otto Klemperer monta na berlinense Kroll Opera um Navio Fantasma em roupagens expressionistas – Siegfried Wagner e os tradicionalistas tomam conhecimento e desfalecem de horror com tais aventuras.

Em 1930 tem lugar a última montagem do festival sob a orientação do filho do mestre. Um Tannhäuser com certas emancipações do evangelho wagneriano. Um Tannhäuser desde logo dirigido por Toscanini, a mais cintilante das estrelas mundiais da batuta daquele tempo e o primeiro estrangeiro a reger em Bayreuth – e ainda por cima um estrangeiro que é um denodado anti-fascista com simpatias sionistas.

                                                                             

E é com Toscanini em Bayreuth que o regime de star-system internacionalista se instala para sempre no templo sagrado, em desafio frontal à tradição germânica e nacionalista.
                                                      
Sei a natureza de todas as coisas, o que elas foram, o que elas são e o que virão a ser no mundo eterno. E tudo o que existe se encaminha para o seu fim e estão a nascer para os deuses os dias sombrios – fala da deusa da terra, Erda.
Bom, mas Siegfried Wagner, nem por ser filho de quem era contava com as simpatias do anti-democrático círculo de Bayreuth, um grupo ultra-nacionalista que se auto arvorava em guardião indiscutível da tradição e da religião wagneriana. E foi mesmo esse círculo de Bayreuth o inefável autor da ideia de fazer cantar Deutschland Über Alles no fnal de uma récita de Mestres Cantores, em 1924, o que enfureceu Siegfried Wagner, adepto da separação o mais rigorosa possível entre arte e política, e, talvez mais do que isso, muito interessado em promover internacionalmente o festival, e assim angariar clientelas no mercado externo para ajudar nos défices – mercados, exportações, competitividade, sempre a mesma conversa…

                                    

O projecto de Bayreuth estava marcado pelo destino para ser um bastião do nazismo quando o wagneriano e aristocrata inglês Houston Stewart Chamberlain, ideólogo nazi, se naturalizou alemão e se casou com uma herdeira de Wagner, apressando-se a receber Hitler em Wahnfried – a casa da família Wagner -, corria o ano de 1923, e ainda Hitler não era quem viria a ser.


E ligas, e círculos, e grupos, e sociedades, umas mais e outras menos secretas, proliferaram por aqueles anos, auto-investidas de uma missão transcendente e quase sagrada, tendo todos ou quase todos esses grupos e sociedades Bayreuth e seus germânicos valores como referência. A Richard Wagner Gesellschaft, fundada em 1926, adoptaria inclusivamente nos seus estatutos aquilo a que chamaram de parágrafo ariano.


Com o advento do III Reich, Bayreuth cai nas mãos administrativas de Winifred, a mulher inglesa de Siegfried, nazi convicta, racista encarniçada, e o festival torna-se um feudo da ideologia do Estado, sob a protecção do próprio Hitler.


 Nessa conformidade, para além de centro magnífico de propaganda, Bayreuth assume-se como lugar de culto da nova religião emergente, pois que a ideologia nazi, e respectivas liturgias, por demasiadas vezes tomou foros de religião, matéria de fé, e ali se fez encenar, a pretexto de comemorar aquele que adoptara como um dos seus profetas maiores, esse mesmo Richard Wagner.
E por aqui se vê que nem Bayreuth com todos os seus pressupostos fundacionais cultural e artisticamente altíssimos deixou de ser lugar de encenação de um poder de Estado. Afinal, e apesar de tudo, Bayreuth também não deixava de ser um teatro de ópera.


Mas seria sob Hitler que Bayreuth viria a cumprir um dos grandes ideais do próprio Wagner, quando, por ordens superiores, lá se praticaram preços políticos. Quer dizer, preços populares. Entre os 15 e os 30 marcos. Por forma a possibilitar a todo o povo o acesso ao santuário da religião alemã. Muito embora, por outro lado, um ideal inviabilizasse outro ideal do mestre, um mestre que – em termos ideais, claro, também não queria ser um músico de Estado, nem queria o seu teatro como mais uma ópera de Estado. Durante os anos de Hitler o povo poderia acorrer a Bayreuth para ver o Parsifal ou os Mestres Cantores, porém, para que tal fosse possível, Bayreuth obrigava-se à trivial condição de teatro de Estado, subsídio-dependente do orçamento nazi.


Wagner e Nistzsche, ao sol meridional de Sorrento, e quando ainda se davam bem, conversaram longamente a respeito de Parsifal, o drama sacro que era a última contribuição do mestre para a liturgia da religião alemã. E Nietzsche impressionava-se. Tudo no amigo músico era sentimento cristão. Tudo era arrependimento, comunhão, redenção.


Wagner parecia a Nietzsche um homem visceralmente desonesto, um vigarista e um comediante. E porque já em 1876, à vista dos lugares vazios do seu teatro, Wagner havia dito:
- Não, os alemães não querem saber de deuses pagãos. Nem tão pouco de heróis. O que os alemães querem de facto é qualquer coisa de cristão.
Os mercados, pois é…
Donde, o misticismo parsifaliano poder muito bem advir dos considerandos de ordem prática e materialona, ou de uma corriqueira operação de marketing oitocentista feita pelo mago de Bayreuth, esse romântico desesperado que (segundo Nietzsche) acabava vencido aos pés da cruz de Cristo.



Wagner tornava-se piedoso. Wagner conhecia os caminhos compósitos da religião, ou da heresia, que fundara, em sensualidade, dinheiro, nacionalismo, magia e redenção, oportunismo, incesto, adultério, jogo de poder, vigarice de deuses, esperteza saloia de anões, violência de gigantes, forças telúricas e pagãs…
O que é que lhe faltava?
Ora, faltava-lhe uma confecção devidamente doseada de cristianismo. Eis o Parsifal. O Parsifal onde tudo se fundia, reinterpretava e interpenetrava. Um Parsifal que, vistas bem as coisas, não deixava de ser uma traição a ideais antigos.

Um sentido forte de regeneração: era o que obsecava Wagner. Regeneração para os homens, para as coisas e para as ideias. Para as nações, acima de tudo. E ainda mais acima de tudo para a nação alemã. E Parsifal é o ácume regenerador na obra do mestre.

                                                      

A que fenómeno seria devida a decadência das raças? À ingestão de carne em lugar dos primitivos vegetais. O visionário contemplava então uma Humanidade que ao comer carne caminhava para a catástrofe. E quem viria a redimir essa Humanidade de tal catástrofe? O Cristianismo. Não há arte elevada sem a componente religiosa.
A Arte, sublime que seja, não poderá alcançar a revelação sem o fundamento de uma simbologia religiosa. Só assim o povo a poderá entender.
E que Deus era redentor mais do que criador. E que só na música o Cristianismo acharia a plenitude do seu conteúdo.
Wagner como encarnação de Fausto?

           

Houve quem assim pensasse nas várias capelas culturais alemãs e europeias. Até houve quem visse no Navio Fantasma uma recorrência, ou uma variante, dos acidentes de Fausto. Wagner engrandecia-se a uma condição que sobrepujava a condição do simples músico – ainda que tocado de génio, ainda que acedendo aos fulgores do feiticeiro, do mestre alquimista. O que ia bem à natureza esotérica e secreta de uma Alemanha permanentemente embaraçada na tragédia dos espectros de um passado medievo e mágico  tutelado pelos Hohenstauffen, por Frederico Barbarossa, o imperador iniciado.
Wagner operava as as impossíveis fusões e transfigurações de valores humanos, religiosos e artísticos, criava entidades espirituais e carnais dotadas de milagrosa unidade no cadinho dos seus contrários.


Wagner fundara, em suma, uma religião, a pretexto, e sob os auspícios da cultura. Uma religião que, alguns decénios após a sua morte, se apresentava ao mundo como a religião alemã; ou pelo menos, como via de redenção da alma germânica, ou seja, redenção da ferida sangrenta, eterna e sagrada de Amfortas. 

E dotada tal religião de ingredientes bastantes de pan-arianismo. E apontando tal religião para um conteúdo doutrinário assente na sanguínea superioridade germânica sobre o concerto das nações. E inspiradora, tal religião, de causas extremadas, noites de cristal e outros extermínios.
Embora, e será esse o caso perturbador, Wagner tivesse sido um revolucionário avesso a instituições governamentais, burocracias de poder, ou tópicos morais de uma ordem retintamente político-institucional.
Por música, Wagner, o heresiarca, recuperava elementos nucleares de uma tradição germânica esotérica, mística – assunto que talvez hoje em dia já não interesse a ninguém, e todavia interessante de abordar com mais demora.    


Pegando em elementos da tradição ocultista universal, Wagner manipulou-os genialmente e acrescentou-lhes a competente veia germânica. Desdenhoso em tempos do nacionalismo, acabaria por instituí-lo na sua arte como fenómeno cultural, espiritual, ou, enfim, religioso. Wagner forneceu todos os alibis necessários para fazer derivar o ideal cultural e espiritual germânico para um programa político de acção espiritualizado, religiosificado – se assim de pode dizer, e consumado em doze anos sangrentos da História da sua grande e belicosa pátria.               

                                                  
  
Quase todos os movimentos modernos de tipo místico e esotérico se entrelaçam, e nasceram, desenvolveram-se, ou tiveram a mais poderosa expressão na Alemanha do tempo wagneriano e décadas seguintes, até à queda do Reich. A ordem de Golden Dawn (britânica, mas com traços alemães), Allistair Crowley, William Butler Yeats; Edward Bulwer-Lytton e o seu neo-rosacrucianismo; Madame Blavatsky; a Sociedade Thule; a Sociedade do Vril; os teosofistas, os ariosofistas, os antroposofistas; Stefan George, Drexler, Dietrich Eckart, Rudolph Steiner, Sebotendorff; o Ordo Nuovi Templi, ou Ordem dos Novos Templários; magias brancas e magias negra.


E não nos esqueçamos do jovem médium austríaco, que ao ouvir o Rienzi (ou o Lohengrin) no teatrinho da sua insignificante cidade de Braunau entendeu dar um novo rumo e um novo sentido à sua vida e transformá-la por completo. Transformar a vida dele e transformar a vida dos cidadãos da Europa inteira, do mundo inteiro – chamava-se Adolf Hitler.


E não nos esqueçamos, já que falamos de religião alemã, de Rudolph Hess, mago ocultista e aviador, ele e a sua solitária e secreta viagem a Inglaterra, em 1941, a fim de tratar a paz no seio das sociedades secretas que haviam ajudado a desencadear a guerra. 
Não nos esqueçamos do nazismo oculto de uma americana e de um rei inglês também chegado a sociedades secretas e obrigado a abdicar, supostamente por razões sentimentais.


São aspectos da religião alemã, só muito recentemente conhecidos da mesma magia e da mesma metáfora a que Wagner deu sonoridade e profecia e conferiu sentido estético e cultural, e que ainda hoje, se formos a ver, e se o soubermos interpretar, reverberam pelo mundo a partir da basílica de Bayreuth. Com menos aura sagrada, é verdade, e não obstante todo o branqueamento político e toda a cultural e democrática correcção, e toda a reformulação estética que têm sido levados a cabo desde o pós-guerra - pelos familiares do mestre primeiro que ninguém, os netos, Wieland e Wolfgang Wagner.
É a questão estética. Que sairá num dos próximos números deste blog. 


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